Aldeias de MS que formam a maior reserva indígena do país comemoram 120 anos

As aldeias Jaguapiru e Bororó, que juntas formam em Dourados, Mato Grosso do Sul, a maior reserva indígena do país, celebram neste sábado (4), 120 anos de criação.
Para marcar a data, uma grande celebração com danças e músicas típicas foi promovida por todas as etnias que vivem na área em um dos locais mais sagrados e tradicionais para as comunidades, a Casa de Reza.
Atualmente, quase 20 mil indígenas das etnias: Guarani, Kaiowá e Terena vivem nas duas aldeias, em uma área de 3,5 mil hectares.
Junto com a história da terra indígena se confunde também a da Casa de Reza. A estrutura é a de uma oca típica Kaiowá, mas ela se tornou símbolo de luta e resistência das comunidades indígenas.

Não se sabe quantas existem atualmente, mas, nos últimos anos, 17 dessas casas foram queimadas em Mato Grosso do Sul, segundo levantamento da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Por ser um local sagrado, tradicionalmente só indígena podem entrar. Os brancos devem ter autorização do cacique. Lá existe o “xirú”, que é uma espécie de cruz Kaiowá, passada de geração em geração.
Além dela, outras peças da cultura religiosa indígena, vem desde os ancestrais antigos. A cruz, por sinal, já foi queimada três vezes. A última vez foi em 2018. Contudo, em 2020, ela foi reerguida com mais de mil feixes de sapê, uma palha que vai de baixo até acima da oca. Para isso, foram mais de 6 meses de trabalho.

Durante a pandemia, nenhum ritual foi realizado na Casa de Reza. Agora, alguns estão sendo retomados, como batizados. Porém, antigamente, os ancestrais usavam para outros momentos. Conforme o cacique, é importante manter essa cultura viva.
Para quem ouviu a história antiga contada pelos antepassados, ou por quem também viveu grande parte dela, é motivo de orgulho e emoção poder nos dias de hoje poder compartilhar também.
De acordo com Alda Silva, de 75 anos, esposa do cacique. Ao lado do marido há quase 60 anos, ela criou os 19 filhos e 8 filhas, alguns de coração. Todos crescidos deram ao casal indígena 78 netos e muitos bisnetos. E é por essa nova geração que Alda tem zelo pelo futuro da tradição.