Um dos pescadores detidos pela Polícia Federal no Amazonas confessou aos policiais ter matado o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira — desaparecidos desde o dia 5 na região do Vale do Javari —, esquartejado seus corpos e ateado fogo neles. Osoney da Costa e Amarildo dos Santos estão presos e foram vistos por testemunhas perseguindo a lancha dos profissionais.
De acordo com informações obtidas, um dos suspeitos informou o local em que os corpos foram incendiados e abandonados. Equipes da Polícia Federal foram até a região, nesta quarta-feira (15), para tentar confirmar a informação.
A Polícia Federal levou um dos suspeitos ao local onde são realizadas as buscas. No começo da tarde, o pescador entrou em uma lancha com as equipes de investigação e seguiu para o local onde os corpos teriam sido deixados. Encapuzado, ele foi colocado na parte da frente da embarcação para indicar o caminho.
Além das buscas, a PF analisa o material orgânico encontrado em um rio da região e o compara com amostras de DNA entregues pela família dos desaparecidos. Entre o material analisado está um estômago humano.
Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram quando realizavam entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões nas terras indígenas da região. Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino.
Vale do Javari
A Terra Indígena Vale do Javari, onde forças de segurança fazem buscas pelo indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Araújo Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips, é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotraficantes. O indigenista e o repórter do jornal The Guardian sumiram no último domingo (5) quando faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, a 1.135 quilômetros de Manaus.
Com 8,5 milhões de hectares, a terra indígena fica localizada no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo. A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, com 9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, feito apenas por avião ou barco, já que a região não tem eixos rodoviários nem ferroviários próximos.